“Voltar”, de Alfredo Alcala – A Redescoberta de Um Clássico Sombrio e Impecável
- Eduardo Ronin Lucas

- 7 de jul.
- 2 min de leitura

Poucas coisas são tão satisfatórias quanto ver uma obra perdida ser resgatada com o respeito e o cuidado que ela merece. É exatamente isso que a Editora Pipoca & Nanquim faz ao lançar “Voltar”, clássico do mestre filipino Alfredo Alcala — uma lenda da arte nos quadrinhos e um nome muitas vezes ofuscado pela velocidade da indústria.
Publicado originalmente em 1977, “Voltar” é mais do que um quadrinho. É um artefato. Um relicário visual de uma era onde a fantasia sombria, a cultura épica e o traço meticuloso se fundiam numa narrativa densa e apaixonada.

Um épico que não envelheceu
“Voltar” conta a história de um guerreiro destemido em uma terra mágica inspirada tanto em mitologias asiáticas quanto em códigos de fantasia medieval. A HQ exala tragédia, honra, vingança — tudo envolto num cenário místico que lembra as melhores fases de Conan, mas com uma pegada espiritual e filosófica mais forte.
A comparação com o Cimério não é à toa: Alcala desenhou Conan para a Marvel por anos, e sua habilidade de construir mundos fantásticos, ruínas ancestrais e monstros mitológicos está em pleno vigor aqui. Mas Voltar carrega identidade própria — mais introspectiva, mais sombria.
O que salta aos olhos é a arte. Alfredo Alcala entalhava páginas como um ourives. Detalhes de armaduras, texturas de pedra, sombras de cavernas, musculaturas tensionadas e expressões dramáticas — tudo feito à mão, com paciência absurda e domínio completo do claro-escuro.
Em tempos de arte digital apressada, reler Voltar é como entrar numa catedral gótica depois de meses em quartos sem janelas.

A edição brasileira: um presente
A Pipoca & Nanquim entrega a obra com esmero: capa dura, papel de qualidade, impressão que respeita os tons originais e um prefácio que contextualiza a importância do autor e da HQ. Para quem nunca ouviu falar de Alcala, é uma introdução perfeita. Para quem já era fã, é quase uma celebração.
Esse é o tipo de publicação que merece lugar fixo na estante de qualquer amante da nona arte.

Alcala merece ser lembrado
Filipino, autodidata, detalhista, operário e artista. Alcala é o tipo de nome que costuma ficar apagado nas margens da história oficial dos quadrinhos. Mas com Voltar, ele retorna com fúria e beleza para nos lembrar do que é possível fazer com papel, tinta e imaginação sem freio.
Se você curte quadrinhos com peso, arte com alma e fantasia feita com seriedade, não deixe essa edição passar.
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